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sábado, 14 de dezembro de 2013

O que realmente querem os ucranianos?

De acordo com os mais diversos meios de comunicação, das mais variadas tendências, no último mês a Ucrânia vem enfrentando uma série de protestos populares. A razão desses seria a negativa do governo ucraniano em assinar o acordo de adesão à União Europeia (UE). Essa tese, porém, embora praticamente consensual, levanta uma série de questões que julgamos, no mínimo, interessantes à reflexão. Um dos primeiros questionamentos é exatamente sobre se o motivo real e fundamental dos manifestos seja a recusa do governo em aderir à UE ou se há outra causa interna que desconhecemos todos. Se, porém, o motivo central é mesmo a aproximação com a Rússia e o distanciamento da UE surgem outras questões não menos interessantes. A suposta estabilidade do bloco foi posta em xeque a partir da crise econômica que eclodiu em 2008 e ainda permanece, derrubando economias antes consideradas sólidas, provocando e agudizando problemas sociais nos países membros, mas mais notadamente nos que compõem a zona do euro. Ao observarmos as situações de países como Grécia e Espanha, que nesse contexto se tornam emblemáticos nos deparamos com realidades amplamente complexas que resultaram em políticas amplamente mercadológicas e antipopulares incapazes de conter o alto nível de desemprego (que ultrapassa a taxa dos 20% na Espanha e chegando a 27% na Grécia), a redução de gastos com serviços públicos para “honrar” compromissos com grandes bancos e entidades financeiras. Há um caos social e político instalado e que curiosamente parece ignorado pelos manifestantes ucranianos. Qual o motivo dessa ignorância? E qual o motivo de defenderem tão avidamente a adesão de seu país a um bloco tão fortemente afetado pela crise e que tem provocado o caos a que já nos referimos? Estariam, contra todas as evidências, crendo que isso lhes proporcionaria melhores condições de vida? Ou será o fetichismo de ampliar suas possibilidades de consumo com o livre comércio na região, mesmo sabendo que as economias menores são sempre prejudicadas pelo livre-mercado? Por enquanto, as respostas parecem difíceis de encontrar.